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A Ludicidade, a Aprendizagem, o Espaço, o Tempo e a Regra.

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O Jogo, manifestação da ludicidade, surge nos processos de criação e expressão como um veículo. Um veículo que une, transportando centrifugamente, o impulso criativo à sua manifestação.

Inversamente à Linguagem, que recebe e organiza os elementos externos percepcionados pelos sentidos e os leva à consciência, permitindo o entendimento e a aprendizagem; o Jogo, manifestando o impulso individual criativo, permite a aprendizagem pela acção.

O aprender pelo fazer, permite por sua vez, a contextualização do próprio e a sua localização perante o contexto, na dinâmica temporal do aperfeiçoamento e do desenvolvimento de capacidades.

Se aprender fazendo, sempre voluntário e prazeroso é acção-lúdica, elemento integrador e potenciador de aprendizagens e capacidades, então a sua activação intencional, eventualmente direccionada, é a transformação do Jogo num recurso lúdico educativo para o seu agente e para o seu receptor, que podem ou não ser o mesmo elemento.

Um recurso lúdico educativo que, na capacitação de aprendizagens, não só as integra como também as desenvolve e aprimora, num esforço continuado de "fazer melhor". Um esforço sempre presente no Jogador de Se melhorar. De, para o Bem da sua acção, agilizar e potenciar os seus processos e características, fazendo competir o presente com estágios passados, tornando-se melhor em relacção a si mesmo. Assim, a competição integra irremediavelmente o processo do tempo-lúdico.

Esta faceta competitiva do Jogo, nada tem a ver com a oposição entre competição e cooperação que vulgarmente surge do senso comum, nem nenhuma relacção com aquela competitividade que distribui benefícios e previlégios numa sociedade animada pelo lucro e pela impessoalidade do exercício do poder hierárquico.

Pelo contrário, a faceta competitiva do tempo-lúdico tem por motor o benefício da agilização e melhoramento dos processos individuais  colectivos. Leva consigo a mais-valia do empoderamento individual e colectivo, o benefício do desenvolvimento de recursos e o previlégio da horizontalidade libertária.

Assim como se diz que "o (que é) pessoal é político", então afirmamos que a pesquisa, a experimentação e o desenvolvimento de recursos educativos lúdico-expressivos, também o é!

 

Por ser o Jogo, uma manifestação voluntária e prazerosa do impulso criativo humano, e a expressividade humana uma inevitabilidade mais ou menos elaborada da sua existência em relacção; pela inerente possibilidade comunicativa, a montante da constituição de cultura; podemos tomar o termo "lúdico-expressivo" como uma só entidade. Um contínuo entre dois polos complementares e antagónicos, omnipresentes em distintos graus, conforme a proximidade de cada acção: à intencionalidade do indivíduo de acrescentar e melhorar as suas capacidades ou à intencionalidade do indivíduo de expressar e comunicar as suas características.

Do mesmo modo, os recursos lúdicos, naturalmente educativos, formam por sua vez, um contínuo com a Educação pela arte. Um duo constituído pela aprendizagem através do progressivo melhoramento oferecido pelo "fazer melhor" do Jogo e a aprendizagem através do progressivo melhoramento oferecido pelo "sentir melhor" da percepção treinada do contexto.

 

A ludicidade aplicada ou manifesta em Jogo, encerra em si um Tempo próprio, o Tempo-lúdico. Um Tempo que existe na dinâmica do Jogo em si mesmo, não o tempo dispendido pelo jogador a jogar. Um Tempo abstracto que permite, anima e dá função ao que é inerte e concreto, o Espaço. Um Tempo que não é o "tabuleiro", mas o próprio mover das "peças". O tal mover das "peças" que permite o "melhor fazer" que nasce da competitividade e desagua no "aprender pelo fazer".

Mas a ludicidade aplicada ou manifesta em Jogo, também encerra em si um Espaço próprio, o Espaço-lúdico. Um Espaço que vive como o Tempo, no seu íntimo essencial. Um Espaço onde se pode "fazer melhor" e que dá forma à função Tempo. O "tabuleiro" onde a magia acontece e onde só pode acontecer. Juntos, o Espaço e o Tempo, dão forma à função e ânimo ao concreto inerte. Temos o Espaço-Tempo-lúdico.

O Espaço-Tempo-lúdico está organizado, ou faz nascer uma Ordem própria, alheia e adequada, voluntária e inevitável que; à imagem de tudo o resto; é mais do que uma linguagem de entendimento ou comunicação: é a Regra. A Regra, é a cola que, na transcendência ao Tempo e ao Espaço, os une numa aliança, numa unidade. Como se da potencialidade lúdica, nascesse um Espaço-Tempo em potência e, a partir do encontro entre eles, nascesse uma Regra em potência. Juntos, os três, com a ignição de um começo voluntário, se transformassem em vibração manifesta: o Jogo.

O " tabuleiro" não o é sem as "peças", e nem o "tabuleiro" ou as "peças" o são, sem o nome da Regra.

 

O 1 que é 2.

O 2 que, em si, é 3.

O 3 que, completo, se forma numa Unidade: O Jogo.

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